Quem me diz e quem me prende é quem
não me quer. Essa é a essência da obra que está em suas mãos. E a frase de
início é para que reflitamos com efetividade, sendo o quem me diz sobre aquele
que aponta, aquela que aponta, que somos nós na vida cotidiana, um apontando
para o outro, como se a via fosse de mão única. O quem me prende, embora seja
alusivo à polícia, uma vez que é a polícia que tem o poder de prender, não é
apenas dela que a frase reflete, pois, a prisão é física, mas também é
emocional, simbólica, social. E o prender pode ser o amarrar e ou impedir um
crescimento, um pulo no trampolim da vida. E quem não me quer? Quem é que quer
aquele que erra, aquela que delinque? Quem dos que apontam o dedo se salvam de
seus pecados e erros? Ou apenas apontam e acusam e, portanto, não querem aquilo
que também são eles? Enfim, são essas as ponderações que faz a frase de começo
desse texto de orelha da obra. Fruto de uma Oficina Literária no Conjunto Penal
de Lauro de Freitas-BA, essa já é a segunda obra literária na unidade, sendo a
primeira escrita e publicada no ano de 2023 e a segunda agora neste ano de
2024. Uma tratou da infância, da adolescência, da prisão, do amadurecimento e
do futuro, através de cartas escritas. Já essa obra trata de um lugar de fala que
se faz necessário no sistema de prisão, daí o título Lugar de fala e o
encarceramento, pois há uma tentativa bem-sucedida de calar-se a voz de quem
está em regime de aprisionamento, dando coro apenas às vozes da punição, do
popular, que é o bandido bom é bandido preso, se tem dó leva para casa, falas
agressivas, punitivista e ameaçadoras, todas sem o entendimento que se trata de
uma questão social, de uma problemática originada na primeira e na segunda
infância. Trata-se de problema de Estado, das vulnerabilidades, das ausências,
dos desconhecimentos dos direitos e deveres, dos afetos, enfim, do básico do
básico. E, com tantas faltas, o que nos interessa saber aqui é: quem são essas
pessoas, esses homens, essa imensa população que soma mais de 650.000 pessoas
neste Brasil. Há de se saber. Há de se pensar. Há de se refletir sobre esse
sistema de prisão brasileiro e sobre essa sociedade, que somos nós, soltos ou
presos.
Giostri | |
Organizador | Alex Giostri |
ISBN | 9786559275427 |
Páginas | 78 |
Formato | 14 cm x 21 cm |
Peso | 0,122 g |
NCM | 49019900 |
Categoria | Ensaio |
Lugar de fala e o encarceramento - Quem me diz e quem me prende é quem não me quer - Org. Alex Giostri
- Marca: Giostri Editora
- Modelo: Livro
- Disponibilidade: PRODUTO NÃO COMERCIAL
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